O que são Core-Shell?

Por favor… Não confunda com Corel-Draw ou com o posto de gasolina Shell

exemplo de CoreShell

Figura 1 – Exemplos de Core-Shell.

Costumamos falar das propriedades, como fazer e como caracterizar os nanomateriais, mas por vezes não damos a devida atenção no formato em que elas se apresentam.

Os nanomateriais podem apresentar diversas formas, sejam elas esférica, tubulares, em forma de fios ou fibras e até mesmo geometrias complexas e específicas. De um modo geral elas podem apresentar-se em 1D, 2D ou 3D. O seu formato interfere na propriedade final da nanopartícula, seja ela ópticas, eletroquímica, catalítica e por ai vai…

Neste post vou abordar brevemente sobre as nanopartículas do tipo Core-Shell. Este tipo de partícula é composta por um núcleo (Core) feito de algum elemento ou substância recobrida com uma “casca” (shell) feito por outra substância, como ilustrada na figura 1 (GAWANDE et al., 2015). É comum vermos nos artigos científicos a nomenclatura  X@Y, onde X é o núcleo e Y a casca.

Possuem propriedades e aplicações interessantes, usadas geralmente quando um único elemento não satisfaz todos os requisitos. O uso da engenharia de materiais para melhorar comportamentos de materiais é aplicado em um sistema que exige duas ou mais funções em uma mesma partícula.

Para ficar mais claro, podemos dar o exemplo de uma nanopartícula core-shell com núcleo composta por óxido de ferro e revestida por algum outro elemento. O óxido de ferro sendo magnética dará propriedade magnética a essa nanopartícula, podendo ser deslocada por um efeito de um campo magnético. Uma aplicação deste tipo de nanomaterial é como carreadora de fármacos que podem ser guiadas através de um campo magnético até um local específico para o tratamento (VERMA et al., 2013).

Outra aplicação é como catalisadores, frequentemente em células a combustível, por possuírem excelentes propriedades eletroquímicas, podendo trabalhar com diversos elementos químicos, como o cobre, platina (SIEBEN et al., 2014), ouro e prata (CSAPÓ et al., 2012).

O processo de síntese envolvendo metais como recobrimento é basicamente reduzir o metal em cima do núcleo. No trabalho de Zhang et al, eles revestem nanopartículas de sílica com cobalto (figura 2) reduzindo um sal de cobalto com borohidreto de sódio (ZHANG et al., 2016). No sistema Au@Ag, por um processo galvânico, a prata tende a reduzir sobre a o ouro, porém em um sistema invertido, requer alguns ajustes e um agente catalizador ou redutor para forçar a redução do ouro sobre a prata.

Core-shell

Figura 2 – Mecanismo de síntese de nanopartíciulas de sílica revestida por cobalto (SiO2@Co).  

A nanotecnologia ainda percorre o caminho da evolução. Nem tudo  está pronto, ainda há muito o que percorrer e este foi apenas uma das formas em que podemos encontrar os nanomateriais.

Referências

CSAPÓ, E. et al. Synthesis and characterization of Ag/Au alloy and core(Ag)-shell(Au) nanoparticles. Colloids and Surfaces A: Physicochemical and Engineering Aspects, v. 415, p. 281–287, 2012.

GAWANDE, M. B. et al. Core-shell nanoparticles: synthesis and applications in catalysis and electrocatalysis. Chemical Society Reviews, v. 44, n. 21, p. 7540–7590, 2015.

SIEBEN, J. M. et al. Synthesis and characterization of Cu core Pt-Ru shell nanoparticles for the electro-oxidation of alcohols. International Journal of Hydrogen Energy, v. 39, n. 16, p. 8667–8674, 2014.

VERMA, N. K. et al. Magnetic core-shell nanoparticles for drug delivery by nebulization. Journal of Nanobiotechnology, v. 11, n. 1, 2013.

ZHANG, Y. et al. High efficiency reductive degradation of a wide range of azo dyes by SiO2-Co core-shell nanoparticles. Applied Catalysis B: Environmental, v. 199, p. 504–513, 2016.

Nanotecnologia: Uma nova fronteira para a agricultura


Nanotecnologia é a ciência de manipular materiais na escala nano. Tem sido o centro das atenções nas últimas décadas devido a sua diversidade de aplicações. As aplicações são tão vastas que até mesmo as fazendas estão adotando a tecnologia do pequeno.

Há uma preocupação em relação ao cultivo de alimento devido ao grande aumento da população no planeta, gerando grandes demandas na produção. O combate contra pestes que destroem cultivos tem recebido atenção nos últimos tempo.

Pestes de plantas são os maiores limitadores na produção e colheita de produtos agrícolas. Como forma de combate a essas pragas, atualmente usa-se pesticidas de forma quase indiscriminada. Com o excesso de pesticidas em lavouras, há em consequência o aumento no custo da colheita, que implica em produtos encarecidas. O uso sem prescrição pode causar poluição em leitos, lençóis freáticos e ao meio ambiente.

O emprego da nanotecnologia no uso de pesticidas reduz a quantidade do principio ativo utilizado para o mesmo objetivo. A eficiência se dá pela liberação controlada e localizada diminuindo perdas. Recentemente a nanotecnologia tem trazido novas perspectivas e aumento na eficiência de diversas aplicações. O intuito da nanotecnologia é produzir mais com menos.

Nanopesticidas são filmes finos ou encapsulamento do principio ativo em nanoestruturas. Essa aplicação pode aumentar o valor dos pesticidas, ação localizada e menor  porção de agrotóxicos, reduzindo os danos no meio ambiente.

Figura 1 – Representação esquemática da aplicação de nanomateriais no setor de agro-alimento

Nanopartículas podem tratar solos, por estarem na escala de um bilionésimo de metro, permeiam o solo e ancoram na raiz da planta, combatendo ervas daninhas. Umas das aplicações é agindo dentro do sistema, na raiz da erva daninha translocando-se para partes que inibem a glicose da reserva de alimento, fazendo a praga morrer de fome.

Nano Laminados  também são empregados. São filmes finos de compostos comestíveis, como polissacarídeos, proteínas e lipídios, depositados em alimentos agindo como barreiras contra gases de O2 e CO2 diminuindo a deterioração de alimentos.

A agricultura do século 21 enfrenta diversos desafios para produzir mais com menos recursos agrícolas e isso tomará força quando será necessário alimentar os 9 bilhões de pessoas em 2050.

Embora os nanomateriais estejam no nosso cotidiano, ainda não as enxergamos e tudo indica que cada vez mais estaremos em contato com essa nova classe de materiais  que ainda prometem melhorar nossas condições de vida e bem estar.

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Rerência
Nanotechnology: A new frontier in Agriculture
Muhammad Azam Ali1*, Iqra Rehman2, Adnan Iqbal1, Salah ud Din1, Abdul Qayyum Rao1, Ayesha Latif1, Tahir Rehman Samiullah3,  Saira Azam3, Tayyab Husnain1
Adv. life sci., vol. 1, no. 3, pp. 129-138, May 2014

Ciência Pirata!

Sabemos que nem sempre se consegue adquirir literaturas (livros ou artigos) mesmo fazendo parte de alguma instituição. Pesquisadores para poderem aprimorarem seus conhecimentos e continuarem suas pesquisas contornam esses problemas com alguns recursos disponíveis na internet. Entre elas o Sci-Hub e o  LibGen e será sobre isso que abordarei aqui.

Sci-Hub

Sci Hub

Figura 1 – Interface do Sci-Hub

Alguns (eu diria muitos!) usam o Sci-Hub para obter artigos que não são acessíveis. Até o slogan do site é bem sugestivo: “… removendo todas as barreiras do caminho da ciência”. Eu achei engraçado. No mínimo sarcástico. O sci-hub é um repositório de artigos fundado pela programadora Alexandra Asanovna Elbakyan. Sci-Hub é usado quando não se consegue ter acesso direto a artigos científicos guardados por direitos autorais (os que são pagos para poder acessar). Quem faz isso? Todo mundo! Mais sobre este drama aqui neste link… O site é acessado muito por países subdesenvolvidos, inclusive o Brasil (Brasil está entre os 5 mais que acessam) e por isso a Elsevier as vezes consegue derrubar o site do ar por uma ordem  judicial.

Se é pirataria ou não, se é correto ou não… Ela está ai para usar. Alguns baixam músicas de graça, outros baixam artigos científicos.

Por causa dessa briga entre Elsevier e Sci-Hub, o site muda de domínio umas duas vezes por ano (hahah)… Atualmente ela está com domínio .cc .

Para usar ela, basta você copiar o DOI do artigo ou o URL dele  e colar lá na caixa de diálogo do site. O site está em russo, mas o mecanismo de uso é intuitivo. Cola  lá, aperta enter, digite algumas letras ou número do código que ele pede e ele lhe mostrará o artigo em PDF.

Algumas poucas vezes ele não acha… Isso por que o Sci-Hub não contém TODOS os artigos do Universo. É o maior repositório do planeta (ou não, sei lá) e não o banco de dados do planeta.

LibGen

LIbGen

Figura 2 – Interface do LibGen

Embora há o Sci-Hub para acadêmicos ávidos por artigos, alguns deles não se contentam com o repositório.

O LibGen ele te permite achar e baixar quase todo tipo de livro que você desejar… Ele é um motor de busca muito potente. Realmente surpreendente!

O LibGen está nesta Meta Livraria para você  poder saber mais sobre isso.

No LibGen, basta você digitar o nome ou tipo, categoria, etc… do livro que você quer, apertar “search” e pronto (figura 2)! Uma lista de livros na maioria PDF surgirá e você pode baixar. Clicando nele, abrirá uma janela (figura 3). Clicando em “BookZZ” , abrirá o livro disponível para download no site BookZZ. Você pode usar o Bookzz.org também para encontrar e efetuar downloads de livros.

Exemplo Baixar livro

Figura 3 – Janela após clicar em “search”. Layout das opções de download

BookZZ

Figura 4 – No site BookZZ, livro pronto para download

Não sabemos até quando a Sci-Hub permanecerá no domínio .cc e o processo judicial ainda está tramitando. Uma coisa é certa, o  progresso da ciência não pode parar!